10 julho 2010

Película - 12 ao P

12. 11. 10... a porta se abre. Um passo a frente e Mauro já está dentro. Se abriga no único canto que resta. Nem é um canto, é um resto de espaço vazio. Uma migalha deixada por quem esteve ali primeiro. Um casal cochicha, solta risinhos irritantes. Riem dele? Um gordo sua. O gordo sua e respira alto. Suspira enchendo o ambiente de ar quente. 9.8... Não vai dar, Mauro pensa. Ainda não foi. Deu. O que também deu foi para outra pessoa caber ali. 7. 6. 5. 4... Todos olham pra cima. Mauro olha para baixo. 3.2... Foi. Ele não segura o peido. O casal ainda ria quando o cheiro tomou para si o resto do espaço. O espaço que nem se via, o vácuo. O espaço era daquele cheiro podre. 1. M... antes de marcar P e as portas abrirem, Mauro começou a gargalhar. As portas abriram, todos saíram rápido. Lá dentro um pouco do mau cheiro ainda ocupava o espaço. Mauro ficou. Não saiu. Continuava rindo, chorava até. Não estava sozinho, dividia o espaço com o silêncio dos inocentes que pairava no ar.