20 janeiro 2009

Uai? Nóis pode?

E aí, será que tem gente se enchendo de esperança com a posse do Obama? Não falo dos ianques. Falo do goiano, do nordestino, mineiro, do carioca da favela. Falo do sujeito que não canta slogans como "Yes, we can" e "USA, USA". Não falo dos dos mais de 2 milhões de pessoas que enfrentam 6 graus negativos em Washington para assistir à cerimônia de posse. Dos ianques, esse tipo de sentimento, esse 'baratão', é obviamente normal. O sujeito vai assumir a presidência dos país deles. E é esse o ponto.


“Uai sô, tomara que ele faça umas coisas boas, né?”. Ouvi essa frase ontem de um brasileiro, trabalhador, assalariado. É claro que as medidas do pacote econômico do Obama podem influenciar a economia brasileira, do mesmo jeito que a crise lá atrapalhou a vida por aqui. Vide as demissões, o aumento do desemprego.


No panorama mais positivo e até realista, o pacote do Obama vai ser bom pros USA (sigla em inglês, mesmo). A economia de lá vai reaquecer e eles terão mais uma vez saído de uma crise, melhores do que antes. Uma potência mesmo. Sim, eles podem. Já o mesmo brasileiro que depositou esperança no Obama (aliás, nunca vi um povinho gostar de botar fé em tudo quanto é coisa feito o brasileiro) vai continuar aqui, vivendo em um país eternamente em crise.


Falta de crédito, de poder de compra, de emprego, isso tudo o brasileiro conhece desde que nasceu. E não vai ser o Obama que vai mudar isso. Ele é presidente dos EUA, USA. Na realidade, ele é, e ao mesmo tempo, não é, presidente da América (nunca entendi isso, se eles são América o que nós somos?). E apesar de toda a influência dos EUA sobre o mundo, não me parece que eles defendam, buscam, nem sequer cogitam uma prosperidade mundial. As medidas são para garantir a riqueza do povo de lá, dos EUA. Naquele país só olham pra fora quando alguém os ameaça internamente.


Aqui o cara que perdeu o emprego na mineradora que parou de exportar vai ficar com a crise. A mesma de sempre. A crise que a gente conhece antes da 'crise' deles, os USA. Sem emprego, com dívidas. Imagino a cena. Depois de vários dias procurando emprego, o sujeito para em um bar pra tomar um trago. No outro dia, a mesma coisa. No terceiro dia ele já acorda e vai direto pro boteco, jogar uma sinuquinha e tomar um goró.


Hoje, no dia da posse lá na América, a imagem que melhor define esse cenário de esperança/Obama/crise/Brasil é a do Mussum Barack. Uma imagem que circula pela internet esta semana e até em camisetas. Ainda bem que a gente consegue fazer piada dessa situação toda. Diante de uma cobertura babacona e baba-ovo (tem hífen isso?) da televisão brasileira (porra, também é a hora de justificar a existência desses correspondentes internacionais, em Nova Iorque, por exemplo, não é todo dia que temos avião caindo em rio, não) sobre a posse do presidente de outro país, o melhor é tirar onda. O Obama para o brasileiro é um negão boa praça, que fazia graça com uma garrafa de 'mé' na mão. E sabe o que o Mussum diria de toda pompa da cerimônia de posse do Obama? Ele diria: uiuiuizis.