10 dezembro 2010

Fita cassete foi a última grande invenção do entretenimento

Quem precisa de um aparelho blue-ray? Antes a gente via filme preto e branco numa boa. A gente esperava pelo anúncio da temporada de filmes da Globo na maior ansiedade. Cada um comentava sua listinha: “quero ver esse...!”. Depois vídeo cassete era o máximo. Eu me lembro quando compramos o primeiro lá em casa. Nos finais de semana a gente passava na locadora e pegava uns 8 vídeos, por baixo. Vi de ‘Poderoso chefão’ a ‘Nasce um monstro’ graças ao video cassete. Achava a imagem uma beleza. Dar pause e não precisar esperar o comercial pra ir ao banheiro era o máximo. Aliás, não ter comercial já era uma revolução. Na mesma época eu ouvia vinil e me levantava pra virar o lado sem reclamar. Depois da fita cassete qualquer outra invenção é totalmente desnecessária.

Pra que uma super imagem com trocentos milhões de pontos de alta definição se o filme for ruim? É claro, tem muita gente que gosta de ver filme ruim, mas basta ter computação gráfica que fica bom. Mas eu decreto: não dá pra confiar em alguém que passe um filme todo dizendo “hmm, veja que definição”. O que dizer dos primeiros filmes do grande Hitchcock, em preto e branco. Alguns sem som. Geniais. O que dizer de ‘O homem elefante’, de David Linch. Gravado em 1980, mas intencionalmente preto e branco. Será que mais definição daria o clima pesado que o filme precisava? Não. Acho saudável parar pra pensar se a gente precisa mesmo de blue-rays, HD’s, 3’ds, I’pads e o escambau. Se for sofrer até a morte se não tiver um desses, vá lá, gaste seu dinheiro com isso.  Afinal, como diria Millôr Fernandes, livro não enguiça.