07 agosto 2008

Enlarge your penis

Diariamente eu recebo diversas propagandas e releases na minha caixa de mensagens do email, spams (como eu coloco isso no plural?). Eu já desisti de me irritar com isso. Hoje eu analiso um por um e até ganho umas risadas. Dia desses, logo pela manhã, recebi um: "Pablo, evite o uso de álcool e drogas em sua empresa". Eu não entendi direito. Eu não tenho nenhuma empresa, será então que era um conselho para eu não me tornar um trabalhador beberrão ou chapadão? A mensagem, com meu nome no título, era diretamente enviada a minha própria pessoa eu mesmo. Achei estranho. Ah, mas eu também não tenho osteoporose e recebi um email dizendo que pular poderia evitar esse problema (!?!). Poxa, e também já perdi a conta de quantas vezes recebi o famigerado 'Enlarge your penis'. Já recebi tanto que quase comecei a acreditar que deveria bombar meu pimpolho.
Mas essa não é minha meta. Opá, meta! Palavrinha cretina que mora na boca de 10 entre 10 gestores, gerentes e os chamados coachs (isso pra mim parece onomatopéia de algum som emitido por insetos). As metas estão dominando o mundo. Antes eu achava que elas estavam apenas no âmbito empresarial/comercial, mas não, todo mundo agora tem metas. Você vai comprar um remédio, mais exatamente uma cápsula de um remédio e o cara da fármacia quer te empurrar mais duas, por preço de uma. São as metas. Alguém passou essa meta para ele. Possivelmente alguém que tinha como meta treinar mais atendentes que no ano anterior. Lembram da historinha dos macacos na árvore? Aquela em que os macacos lá de cima cagam na cabeça dos que estão embaixo. Pois é, hoje os macacos, quer dizer, os chefes, cagam metas. Até lixeiro deve ter meta. O sujeito deve dar o limpa em cada quarteirão em x minutos. De uma forma bem medíocre as metas livram os humanos de descobrirem que não têm o controle de nada. Que são humanos. Nós precisamos de metas e de manuais do tipo 'Como gerenciar a carreira e a vida familiar'. É tudo seguido à risca. Sem assombros e com a menor insegurança possível. Eu recebi um spam que dizia: Como lidar com fatores que geram desânimo.

Sente só como começa o lenga-lenga:

Entre os problemas mais corriqueiros no mundo corporativo está o desânimo, sentimento que prejudica o bom desempenho e produtividade, podendo afetar uma equipe inteira. Blá, blá, blá.


No decorrer do texto apresentavam os 10 fatores que geram o desânimo. O primeiro fator que gera crise e promove o desânimo, segundo o consultor do texto é a pergunta: para que vivemos? Meu Deus! Agora adivinhe, sabe qual era a solução para toda essa dúvida existencial, todo esse sofrimento cruel de se pensar para que serve a vida? As metas!


"A concentração em suas metas leva a progredir e desenvolver. Desta forma, a vida se tornará interessante, digna de ser vivida e a superação do desânimo levará a muitas direções." Ou seja, as metas fazem a vida ser digna de ser vivida. Isso é doentio.


Se o sujeito se sente desanimado não deve lutar contra isso. Vá curtir o desânimo. Amanhã quem sabe ele se anima. Amanhã é outro dia. Acordou triste? Tudo bem, você deve ter algum motivo. Se houver, fique triste mesmo. Nada mais humano. Você não vai querer estabelecer a meta de 3 sorrisos forçados diários, vai? Há solução pra tudo, mas nem tudo precisa de solução (parece letra do Humberto Gessinger).


Olhou no espelho e se sentiu diminuído, apequenado diante do mundo. Poxa, abra sua caixa de emails e certamente alguém vai ter a solução. Alguém vai lhe dizer sem meias palavras: 'Enlarge your penis"!


"Tudo sob controle. Eu tenho metas!"