25 junho 2008

Cochilada benta

Eu nunca tive a oportunidade de morar em um país em que a sesta é um rito. Oficial: dormir após o almoço. Isso é genial. É uma das coisas mais inteligentes que o ser humano já fez. Mas aqui no Brasil não é muito comum. Não conheço empresa que leve em consideração uma hora depois do almoço para o funcionário simplesmente dormir. Eu escrevo agora no momento em que na verdade gostaria de estar deitado dormindo. A letargia que costuma me atacar depois do almoço é brutal. As vezes em que tive chance de fazer a sesta foram inesquecíveis. Como é possível meia-hora fazer tanta diferença? É como se o dia começasse de novo. Mas esse sono tem que ser pouco, moderado. Não dá nem pra virar de lado na cama. Geralmente tardes em que se dorme mais de duas horas o resultado é acordar de mau humor.


Eu acredito que a sesta constrói grandes pessoas. A história tá cheia de gente boa chegada em uma sesta. Uma vez vi no Discovery Channel que sestar era bom para o coração. O mesmo programa citava exemplos de criativos que não ficavam sem uma soneca de pança cheia. O Brahms costumava tirar sestas ao piano entre uma composição e outra. Babou no teclado, era hora de acordar. O Salvador Dali também tinha um método genial de despertador. Ele cochilava numa cadeira com uma colher em sua mão (provavelmente de uma sobremesa) e no instante em que ela caía no chão era a hora de voltar ao trabalho. Era o tempo certo da sesta. A solução pra mim é ir ali beber um café.


Esse aí é do Van Gogh. Não sei se ele gostava de fazer a sesta, mas de observar a sesta alheia me parece que sim.