08 julho 2011

Os melhores releases do mundo: Entenda a expressão "trabalhar feito um cavalo"

Formação de líderes. Esse é o objetivo de uma série de cursos espalhados pelo mundo. Mas não basta ter os cursos. É preciso inovar, fazer comparações com qualquer outra coisa que exista. A última que vi foi comparar “liderados” - sim, você, funcionário de alguém - com cavalos. Recebi esse release e fiquei meio chocado.
Todo mundo aí que participa desse negócio tentar transparecer que a analogia entre domar um cavalo e “liderar” uma equipe é um negócio legal. Não dá. Me desculpem. É doma de cavalos. É um ser irracional sendo domado por um racional. É um animal que depois da doma vai servir ao seu “líder”. Vai obedecer, simplesmente. Mas está certo. Na prática, é isso mesmo. Só não precisa tentar disfarçar.
Abaixo, um trecho do release, com os nomes dos envolvidos alterados. Marquei em azul meus comentários.  

CENTRO DE TREINAMENTO FORMA LÍDERES A PARTIR DA FILOSOFIA DO HORSEMANSHIP

Estar no comando de uma equipe ou de um projeto é uma exigência constante na rotina corporativa. Aperfeiçoar a capacidade de identificar potencialidades, delegar funções, saber quando exigir e quando recompensar um colaborador (dando uma maça?) é um dos caminhos para garantir resultados e qualidade ao ambiente de trabalho. A partir dessa realidade, o Rancho X traz para o mercado de treinamentos uma proposta inovadora: ensinar técnicas para aprimorar o relacionamento interpessoal e desenvolver lideranças a partir da filosofia do Horsemanship – doma racional de cavalos.Idealizador do projeto, o técnico em veterinária com experiência em administração de empresas e liderança de equipes, Fulano da Silva, explica que o Horsemanship é uma técnica de doma de cavalos que tem como ponto central a não-violência (só faltou usar chicote). Esta filosofia é baseada no respeito, confiança, lealdade e trabalho em grupo, valores presentes no código de ética de uma manada. Através de um profundo estudo sobre o comportamento da espécie – seus instintos, hábitos, reações e personalidade – (peraí, qual espécie? a dos funcionários ou o cavalo?) foi possível desenvolver uma técnica que vai contra o difundido método de dominação pela opressão e trabalha a interação através de uma parceria na qual o domador é um verdadeiro líder e pode contar com a cooperação do animal. "O cavalo vive em grupos que possuem uma estrutura hierárquica definida. Existe um líder e outros papéis estabelecidos que se assemelham às organizações humanas", esclarece.O ponto alto do workshop é a vivência da primeira doma de um cavalo. No redondel – local utilizado para doma – Fulano consegue, diante dos participantes, domesticar um cavalo que ainda não recebeu nenhum tipo de adestramento. (vai aplicar nos estagiários?). Durante essa demonstração, o especialista explica cada passo de suas ações e as reações do animal. “No início da demonstração, normalmente o animal foge assustado porque me considera como um predador em potencial. Depois de estabelecida a comunicação consigo a colaboração dele não apenas para montar, como também para ir além e ficar em pé sobre ele, sem usar a força física” (afinal, pra que força física se existe a sombra de uma demissão).Multidisciplinar, a equipe de profissionais ligados às áreas de comportamento, pedagogia e veterinária que desenvolve a programação do workshop é responsável por fazer uma analogia entre a filosofia do Horsemanship e os relacionamentos do mundo corporativo. O psicólogo Ciclano Souza esclarece que, por se tratar de um animal de grande porte e por ter uma imagem ligada à virilidade, o cavalo está sempre associado a uma imagem de força (tinha que ter um psicólogo - o sabe-tudo dos nossos tempos - envolvido). “É um conceito pré-estabelecido para a maioria das pessoas: para domá-lo é preciso recorrer ao uso da força”, lembra. “Quando esse conceito é desmistificado e a pessoa pode presenciar a parceria que é estabelecida entre adestrador e animal, há um choque”.Também de acordo com o piscólogo, é exatamente essa ruptura de paradigma que estimula a reflexão e gera nos participantes a transposição da imagem do domador como um líder (viu gente, não precisa revoltar, você não está sendo domado, mas liderado. podem dormir felizes). “Este é um momento carregado de emoções. Os participantes conseguem pensar em seus atos enquanto estão na liderança e passam a questiornar se o uso da força, representada no mundo corporativo pela truculência, é realmente necessária”, aponta. "A percepção de que outros caminhos são mais eficientes é o que direciona as demais dinâmicas e discussões do workshop" (não precisa gritar com o empregado, se você falar com ele, ele entende!).