21 abril 2010

Vira-lata

O sol bate nos olhos com uma distorção de Over Drive no talo. Agride e pode até fazer bem. Mas a cidade sua frio. O copo americano suado é feito a cidade, generosos em oferecer contentamento. No boteco, o velho barbudo afina as unhas mal cortadas na quina da mesa de ferro. Não espera mais nada de ninguém. Sem mulher, seus filhos por aí, já com seus próprios filhos. Não esperam nada do velho também. Depois de uma sinuca, olha pra fora, o dia acaba. O céu laranja oferece um início. O velho desiste. Pede um conhaque. Espera mais umas horas pra sair só no escuro. Depois perambula meio zonzo com um vira-lata de rua à sua espreita. Os dois são a antítese de uma noite de natal. Um bicho de pelúcia bizarro e um papai noel bêbado perdidos na noite.    

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